A falta de armazéns e silos no Brasil, é uma constante nefasta e absoluta. Muitas lavouras tem sido desperdiçadas por falta de armazéns. O problema de falta de silos é absurdo. E, o absurdo torna-se maior quando nos deparamos com a falta de estrutura do escoamento das safras. O custo da tonelada de grãos transportada de Sorriso, no Mato Grosso, até o Porto de Santos (SP) é de 102 dólares, enquanto nos Estados Unidos não passa de 51 dólares, e na Argentina sai por 79 dólares. De acordo com os meus estudos, é nos processos de armazenagem e silagem, que iremos encontrar a melhor possibilidade de equacionar esse problema: Ao contrário da deficiência em rodovias, ferrovias e portos, que demanda elevados investimentos, no caso de armazém, a necessidade de recurso é menor e os investimentos podem ser feitos pelo próprio produtor rural, melhorando em muito a garantia dos preços da produção rural brasileira. A SOLUÇÃO DOS PROBLEMAS DA AGRICULTURA BRASILEIRA ESTÁ NA ARMAZENAGEM. De acordo com os estudos da FAO – FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS, órgão da ONU voltado à Agricultura e alimentação em todo o mundo, a capacidade estática ideal de armazenagem de um país deve ser no mínimo 20% maior do que a colheita total. Infelizmente o Brasil está muito aquém dessa recomendação. Para uma safra de mais de 198/230 milhões de toneladas, nos últimos cinco anos, a capacidade de armazenagem estática do país está em menos de 145,7 milhões de toneladas, segundo os dados da CONAB – COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO, este dado negativo reflete um déficit de 23,5% a 32% se considerarmos a falta de silagens completas com desumidificadores, moengas modernas, secadores, exaustores, etc.. Se considerarmos o excedente ideal preconizado pela FAO, esta análise fica pior porque, o nosso déficit salta para 43,5%.Além disso, o nível de capacidade de estocagem nas unidades produtoras brasileiras é de apenas 12,5% quando nos Estados Unidos chega a mais de 44,4%.Embora a nossa Agricultura na área de grãos, caminhe muito bem na produção cada vez maior por hectare, temos tido dificuldades no pós-colheita. É um clichê mais do que batido, mas que continua atual, quando os leigos inclusive os políticos,(e é difícil encontrarmos alguém mais leigo do que eles em todos os assuntos que realmente interessam ao país), dizem que da porteira para dentro somos imbatíveis mas, da porteira para fora somos de quinto mundo. Não há mais condições de safra após safra e a cada ano elas são cada vez maiores, olharmos a nossa produção jogada no chão, exposta a todo tipo de intempérie. Este acontecimento que se repete, em uma cadência inaceitável é uma mostra muita clara das nossas falhas de infraestrutura que atenta contra a rentabilidade do setor. Este fato não pode mais converter-se em uma constante e tem que nos levar a agir de forma rápida, segura e objetiva para que não ocorram volumes maiores de perdas como vem acontecendo e piorando. Os leigos pensam que silagem é apenas jogar grãos dentro de um silo e pronto. Nada mais errado! Existem técnicas super sofisticadas que precisam ser aplicadas na armazenagem dos grãos. O grão de soja tem um alto conteúdo de lipídios, isso significa cinco vezes mais óleo do que a grande maioria dos grãos de cereais. Esse fato resulta em uma alta umidade relativa de equilíbrio no espaço intergranular. A umidade relativa de equilíbrio do ar intergranular para o grão de soja com 14% de umidade e 20ºC de temperatura é de 75%, adequado para a germinação de esporos e crescimento de fungos de armazenamento. Por isso, é super importante que os silos possuam sistemas de aeração com ar resfriado artificialmente. A aeração resfriada reduz o desenvolvimento de fungos, reduz a biodeterioração dos grãos do soja, mantém a qualidade sanitária e nutricional do grão, reduz o aumento do teor de acidez do óleo, reduz perdas de peso (perda da massa de consumo e de óleo do grão), reduz a quebra técnica (perda de água, perda de qualidade e rejeição de cargas) produzindo um grão de melhor aparência o que melhora sobremaneira a sua comercialização. Sem uma silagem moderna com aeração refrigerada temos uma incidência maior de grãos danificados, mofados, deteriorados, fermentados, queimados pelo secador, picados por insetos, roídos por roedores, e grãos quebrados. A aeração interfere diretamente na armazenabilidade do produto, pois os fungos invadem mais rapidamente os grãos danificados do que os grãos inteiros e saudáveis. Além do que grãos em más condições físicas e sanitárias prejudicam a circulação de ar e o resfriamento da massa. As operações de secagem e aeração de grãos em unidades armazenadoras são de extrema importância no preparo e na manutenção da qualidade do produto durante a armazenagem. A secagem é uma operação crítica que requer um cuidado especial para que se evite a secagem excessiva, desuniforme ou incompleta. A construção de silos tem que levar em conta os custos destas operações que pesam significativamente no custo final do produto e dependendo do manejo comprometem a qualidade e ocasionam pesadas perdas nos volumes de mercadoria estocada. Novos silos construídos de maneira moderna levando em consideração estas duas vertentes: secagem e aeração, precisam estar presentes nas fazendas brasileiras o mais rápido possível.
José Barbosa Leite
JBL World Consulting
www.jblworldconsulting.com
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